Motoristas e cobradores recusam proposta e estudam deflagrar greve

Trabalhadores da TCPP e da Pruden Express transitam nesta sexta-feira (21) com faróis acesos, como 'estado de alerta' à população

Os motoristas e cobradores de ônibus das empresas TCPP e Pruden Express entraram nesta sexta-feira (21) em “estado de alerta” e poderão deflagrar greve no sistema de transporte coletivo de Presidente Prudente a partir da próxima segunda-feira (24).

Em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (20), na sede do Sindicato dos Bancários, os trabalhadores decidiram recusar a proposta de reajuste salarial apresentada pelas companhias, que consiste em repor as perdas com a inflação.

Diante disso, os ônibus já começaram a circular nesta manhã com os faróis acesos, como um sinal de alerta à população.

“Se não vier uma proposta das empresas até a segunda-feira, poderemos paralisar os serviços a qualquer minuto”, avisa o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Terrestres de Presidente Prudente e Região, Edmilson Fábio Bonfim.

Segundo o sindicalista, as principais reivindicações são as seguintes: aumento real de 10% nos salários (além da reposição da inflação), redução da jornada de trabalho de 220 horas/mês para 180 horas/mês, aumento no tíquete-alimentação de R$ 230 para R$ 300 e a recontratação de 80 cobradores que foram demitidos das linhas que ficaram apenas com os motoristas cumprindo dupla função.

Conforme o sindicato, o transporte coletivo emprega atualmente cerca de 350 funcionários em Prudente.

“Ao longo de dois meses de negociações, que tiveram início em abril, as empresas chegaram a oferecer 8% de reajuste salarial, mas, com a redução da tarifa anunciada nesta semana pela Prefeitura, elas retiraram a proposta. Já em relação às outras reivindicações, não houve avanço. A nossa data-base já venceu em maio”, explica Bonfim, citando o decreto do prefeito Milton Carlos de Mello “Tupã” (PTB) que baixou o valor da passagem de R$ 2,60 para R$ 2,50 a partir deste sábado (22).

O sindicalista salienta que a possibilidade de greve não tem relação com os movimentos populares que saíram às ruas nesta semana com manifestações para pedir a redução da tarifa e melhorias no transporte coletivo da cidade.

“Até consideramos interessantes as reivindicações feitas nos protestos, que vêm de encontro à nossa categoria, mas não têm nada a ver conosco. São dois movimentos distintos”, enfatizou Bonfim.

O sindicato encaminhará nesta sexta-feira (21) comunicados oficiais ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre a decisão dos trabalhadores de recusar a proposta das empresas de ônibus.

“A deflagração da greve nos restou como única saída, porque as negociações estão esgotadas”, afirmou Bonfim.

Outro lado

O diretor do Centro de Gerenciamento Operacional (CGO) do transporte coletivo de Prudente, José Ricardo Góis, que representa a TCPP e a Pruden Express, informou que as empresas têm interesse em negociar com o sindicato para impedir a deflagração da greve.

“Não vamos fugir da negociação, até porque a população não pode ser prejudicada de forma alguma. A reivindicação é justa, porque se trata da data-base dos trabalhadores”, afirmou.

No entanto, ele salientou que as empresas pretendem pedir ao sindicato um prazo maior de negociação porque terão de rever suas planilhas financeiras devido à redução da tarifa.

“Tenho certeza de que chegaremos a um consenso, haverá proposta das empresas aos trabalhadores, mas precisamos avaliar o que podemos oferecer”, disse.

Góis ainda informou que, nos últimos três acordos coletivos, os trabalhadores acumularam um ganho real de 20% nos salários.

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